Dia Mundial do Veganismo destaca mudança de hábitos e
reforça o papel dos estabelecimentos em oferecer experiências completas e
inclusivas
Celebrado em 1º de novembro, o Dia Mundial do Veganismo
chama atenção para uma tendência que tem transformado o comportamento de
consumo e o cardápio de bares e restaurantes em todo o mundo.
No Brasil, o movimento vegano ganha força e já mobiliza
milhões de pessoas que buscam uma alimentação mais ética, saudável e
sustentável. De acordo com dados da Sociedade
Vegetariana Brasileira (SVB), o país já conta com cerca de sete milhões de
veganos, e 46% dos brasileiros afirmam adotar uma alimentação sem carne pelo
menos uma vez por semana.
Essa mudança de mentalidade tem impactado diretamente o
setor de alimentação fora do lar. Muitos clientes, mesmo sem aderirem
totalmente ao veganismo, demonstram interesse crescente por pratos à base de
vegetais e por experiências gastronômicas mais conscientes. A data reforça,
portanto, a importância de os estabelecimentos ampliarem suas opções e
aprimorarem o atendimento a esse público, que cresce em número e influência.
Celebridades e o impacto global do veganismo
O veganismo deixou de ser um estilo de vida alternativo para
se tornar um movimento global com grande visibilidade, impulsionado, em parte,
por artistas, atletas e influenciadores que adotaram a causa. No cenário
internacional, nomes como Billie Eilish, Joaquin Phoenix, Natalie Portman,
Leonardo DiCaprio e Jessica Chastain têm utilizado sua influência para defender
o respeito aos animais e a sustentabilidade.
Essas figuras públicas ajudam a popularizar o tema e a
mostrar que o veganismo não é apenas uma escolha alimentar, mas uma forma de
repensar hábitos e promover impacto positivo no planeta. Em diferentes
contextos, eles falam sobre os benefícios não só éticos, mas também de saúde e
bem-estar.
O resultado é um aumento significativo na curiosidade do
público por produtos à base de plantas e uma cobrança maior por parte dos
consumidores em relação à responsabilidade ambiental dos estabelecimentos.
No Brasil, o reflexo é claro. Multiplicam-se bares, cafeterias,
padarias e restaurantes que incorporam o veganismo em suas propostas. Alguns se
tornam 100% veganos, enquanto outros optam por incluir versões adaptadas de
pratos clássicos, atraindo tanto veganos quanto flexitarianos, pessoas que
buscam reduzir o consumo de produtos de origem animal sem abrir mão do prazer
de comer fora.
Oportunidade e desafio para o setor gastronômico
Para o consultor internacional de hospitalidade vegana
Christian Marranghello, o principal erro de muitos estabelecimentos é imaginar
que basta retirar ingredientes de origem animal das receitas.
“Essa abordagem empobrece a experiência. É preciso substituir com criatividade,
mantendo sabor e identidade”, alerta. Segundo ele, o segredo está em conhecer
bem os vegetais e explorar novas combinações, como proteínas vegetais,
leguminosas e grãos.
A sócia do Pop Vegan Food, Monica Buava, acredita que a
inclusão de opções veganas traz ganhos em várias frentes. Além de atrair novos
clientes, reduz custos operacionais. “Um cliente vegano costuma influenciar a
escolha de um grupo inteiro. E, muitas vezes, pratos sem ingredientes de origem
animal têm custo mais baixo de produção”, explica.
Monica lembra ainda que a adaptação não precisa ser imediata
nem radical. “Bares e restaurantes podem começar com uma ou duas opções fixas e
ir ajustando conforme a aceitação do público. O importante é sinalizar que o
estabelecimento se preocupa em atender todos os perfis de consumidores.”
Outra vantagem apontada por especialistas é a fidelização.
Clientes veganos valorizam profundamente locais que respeitam suas escolhas e
tendem a se tornar frequentadores assíduos. Para Christian, o atendimento é
parte essencial dessa jornada. “É fundamental que as equipes estejam
preparadas, entendam os ingredientes e saibam responder dúvidas com segurança.
O cliente percebe quando o cuidado é genuíno.”
Além do aspecto ético e mercadológico, o veganismo está
fortemente ligado à sustentabilidade. A redução do uso de ingredientes de
origem animal diminui a pegada de carbono e estimula o consumo de alimentos
locais e sazonais. Esse ponto tem sido cada vez mais valorizado por um público
atento ao impacto ambiental de suas escolhas.
O setor de alimentação fora do lar, inclusive, vive um
momento de otimismo. Segundo levantamento da Abrasel, 81% dos empreendedores
esperam ter alta no faturamento nos últimos meses do ano em comparação com o
mesmo período anterior. Para a maioria (26%), o aumento deve ser de pelo menos
10%.
Apesar da recente pressão da inflação e da crise do metanol,
que impactou setembro e reduziu o número de empresas com lucro de 43% para 33%,
o setor segue confiante na retomada. Dentro desse cenário, o veganismo surge
como uma oportunidade concreta de inovação, diferenciação e atração de novos
públicos.
Da mesa à consciência: o novo perfil do cliente
O público vegano e vegetariano é cada vez mais diverso.
Inclui jovens preocupados com o meio ambiente, adultos que buscam uma
alimentação mais equilibrada e até pessoas com restrições alimentares.
De acordo com a SVB, a faixa de maior crescimento está entre
25 e 40 anos, grupo que também concentra o maior uso de aplicativos de delivery
e redes sociais para descobrir novos restaurantes.
Esse comportamento reforça a importância de bares e
restaurantes comunicarem de forma clara as opções disponíveis, tanto no
cardápio físico quanto online. Fotos, descrições e sinalizações como “100%
vegetal” ou “sem ingredientes de origem animal” ajudam o consumidor a se sentir
acolhido e seguro na escolha.
Christian ressalta que o veganismo é, sobretudo, sobre
experiência e pertencimento. “O segredo para o sucesso é tratar o cliente
vegano com a mesma atenção que qualquer outro, criando vínculo duradouro”,
afirma.
Para ele, o cuidado vai desde o treinamento da equipe até o uso consciente dos
espaços, sem descuidar da qualidade e da apresentação dos pratos.
O futuro da alimentação fora do lar
O crescimento do veganismo no Brasil indica que o setor de
alimentação fora do lar está diante de uma grande oportunidade. Mais do que
seguir uma tendência, trata-se de acompanhar uma mudança de comportamento que
veio para ficar.
Hoje, restaurantes que adotam práticas sustentáveis e
cardápios inclusivos se destacam pela capacidade de conectar propósito e prazer
à mesa. E, conforme o público se torna mais exigente, a experiência
gastronômica passa a envolver muito mais do que sabor: ela reflete valores,
identidade e consciência.


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