Povo Pataxó denuncia grilagem e anuncia bloqueio de rodovias no sul da Bahia


 Mais de 300 indígenas Pataxó se mobilizam para bloquear a rodovia entre Trancoso, Caraíva e Itaporanga a partir desta terça-feira (20)

Lideranças do povo Pataxó anunciaram uma grande mobilização em resposta a ações que denunciam como criminosas contra seus territórios tradicionais no sul da Bahia. A partir desta terça-feira, 20 de maio, mais de 300 indígenas prometem fechar completamente a rodovia que liga Trancoso a Caraíva e Itaporanga, em protesto contra o que classificam como "legalização da grilagem de terras indígenas com apoio do Estado brasileiro".


A manifestação está prevista para durar de três a cinco dias, com bloqueios contínuos e reforço de lideranças de várias aldeias da região.

A mobilização acontece após a denúncia de que a Justiça Federal de Eunápolis autorizou o leilão de uma área de 60 mil m² pertencente à família Pataxó Braz, tradicionalmente ocupada por indígenas, mas grilada por Moacyr Andrade — ex-cônsul de Portugal e apontado como um dos maiores grileiros de terras públicas no extremo sul da Bahia. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) também é acusado de apoiar a ação.


O valor mínimo estipulado para o leilão foi de R$ 90 milhões, embora a área esteja sob litígio judicial. A medida, segundo os Pataxó, visa beneficiar interesses latifundiários e do setor imobiliário de alto padrão, que pressiona pela expulsão das comunidades da região.

A decisão judicial ainda autoriza o uso de força policial para a retirada das famílias indígenas. Entre os territórios em risco está a Aldeia Lagoa Doce, com 179 hectares, habitada há mais de 70 anos e hoje cercada por condomínios de luxo.

"A grilagem se disfarça de legalidade, mas é roubo. Estão usando as instituições para expulsar nosso povo e entregar nossas terras para empresários", afirma uma das lideranças Pataxó. “Vamos fechar a estrada até sermos ouvidos”.


Os manifestantes exigem a suspensão imediata do leilão, o cancelamento das autorizações concedidas à empresa Itaquena S/A e o reconhecimento oficial das terras como território tradicional indígena.


Mais informações e entrevistas com lideranças indígenas podem ser agendadas mediante solicitação.

Contato para entrevistas e mais informações:
(73) 99818-0846

 


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